segunda-feira, 11 de julho de 2011

Anvisa defende redução do teor de iodo no sal

Segundo agência, ingestão excessiva da substância pode causar tireoidite

Uma proposta para reduzir a quantidade de iodo no sal brasileiro foi colocada ontem em consulta pública pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A medida, feita a pedido do Ministério da Saúde, é uma reação à mudança do hábito alimentar do brasileiro, que passou a usar mais o tempero em sua dieta. Com o maior consumo do sal, a quantia de iodo adicionada ao produto deve ser ajustada, defende o ministério.

"A medida pretende reduzir o risco de uma ingestão excessiva de iodo, que, de acordo com estudos, pode levar à tireoidite de Hashimoto", afirmou a especialista em vigilância da Anvisa, Paula Ferreira. A doença ocorre por um erro no sistema imunológico. O organismo passa a atacar a tireoide, levando ao hipotireoidismo. Pacientes com o problema apresentam cansaço, ganho de peso e fadiga crônica.

O ministério calcula que o consumo médio de sal pelo brasileiro, incluindo alimentos processados e preparados fora de casa, é de 12 gramas - mais que o dobro do limite definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para populações com esse perfil de consumo, a OMS recomenda que a quantidade de iodo adicionada ao sal varie de 20 e 40 mg por quilo. Atualmente, a Anvisa determina índice entre 20 e 60 mg. A proposta, que ficará em consulta pública por 60 dias, reduz para 15 a 45 mg.

Apesar de ter sido feita de acordo com critérios da OMS, a proposta não está livre de polêmica. Para Laura Ward, professora da Unicamp e diretora do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, a mudança tem um princípio falho. "O ideal seria trabalhar para uma redução da ingestão de sal, não ajustar o teor de iodo", diz. "O consumo de sal no País é extremamente elevado, algo que precisa ser corrigido. Mas não há garantias de que em todas as regiões se faça uso excessivo."

Ela avalia que, para quem usa o tempero de forma moderada e mora distante do litoral, há o risco do ressurgimento de outro problema grave: o cretinismo. A doença, provocada pela deficiência do iodo durante a gestação, pode fazer com que o sistema nervoso central do feto não se desenvolva de forma adequada.

A estimativa é de que um terço das crianças que não recebem a quantia adequada do iodo durante a gestação desenvolve o problema e outro terço, deficiência cognitiva. O bócio, por sua vez, é uma doença provocada pela falta do iodo em adolescentes e adultos. "Foi por causa das duas doenças que a adição do iodo ao sal começou a ser feita. Atualmente, não há casos registrados desses problemas no País", conta Laura. Ela teme, no entanto, que a redução dos teores de iodo no sal aumentem o risco do ressurgimento das doenças. "Será tirar de um santo para colocar em outro", compara.

Laura reconhece que a incidência da tireoidite de Hashimoto tem aumentado no Brasil e em outras partes do mundo, como países da Europa e da África, mas afirma que o consumo excessivo de iodo não é a única hipótese para o aparecimento da tireoidite. "Stress, exposição à radiação ionizante e uso de produtos com bisfenol também estão ligados à doença", diz. Na Sociedade Brasileira de Endocrinologia, ela vai defender o envio de um documento com críticas à redução.

Acima do limite

12 gramas é a média diária de consumo de sal do brasileiro

5 gramas é o limite máximo diário de consumo de sal recomendado pela OMS
(Fonte: Agência Estado)

OMS adverte que tabaco pode matar 8 milhões de pessoas por ano

De acordo com a entidade, 30 países já incluíram medidas na legislação para conter o avanço do vício

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta quinta-feira (7) que oito milhões de pessoas morrerão anualmente até 2030 por causa do tabaco, caso seja mantida a tendência atual de consumo no mundo todo.

Aproximadamente 80% destas mortes prematuras acontecerão em países menos desenvolvidos. "No decorrer do século XXI, o tabaco poderia matar 1 bilhão de pessoas se não forem tomadas medidas urgentes", adverte o relatório da OMS apresentado em Genebra.

A OMS iniciou em 2008 a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, que propõe medidas aos países para reduzir o consumo de tabaco, como a criação de zonas livres de fumo, advertências gráficas nos maços, proibição da publicidade, aumento dos impostos ao tabaco e campanhas de conscientização.

Segundo o relatório da OMS, 55% da população mundial é afetada por alguma dessas medidas e 1,1 bilhão de pessoas (17% da população mundial) estão protegidas por políticas completas de prevenção do tabaco desde 2008.

A OMS ressalta que foram registrados avanços em todas as áreas e que já são 30 os países que incluíram em suas legislações alguma medida contra o tabaco. As campanhas midiáticas de conscientização sobre os perigos do tabaco foram realizadas em 23 países entre 2009 e 2010 e chegaram a 1,9 bilhão de pessoas (28% da população).

Para a OMS, o maior progresso foi alcançado na inclusão de advertências sobre os danos para a saúde do tabaco nos maços, medida que desde 2008 protege mais 458 milhões de pessoas, mais que o dobro da população coberta por esta medida antes dessa data.

Além disso, o número de pessoas protegidas por leis que proíbem a publicidade de marcas de tabaco aumentou em 80 milhões desde 2008; enquanto a população coberta por leis que declaram todos os espaços públicos e centros de trabalho como zonas livres de fumo cresceu em 385 milhões de pessoas nesse período.

Os serviços médicos para ajudar as pessoas a deixarem o tabaco beneficiam mais 76 milhões de pessoas no mundo todo desde 2008.

Sobre a proposta da OMS de situar o imposto do tabaco a pelo menos 75% de seu valor de mercado, o relatório aponta que a medida afetaria 115 milhões pessoas mais que em 2008.

No entanto, apesar dos avanços na implantação destas medidas, a OMS explica que os Governos arrecadam na atualidade US$ 133 bilhões com impostos do tabaco, mas gastam menos de US$ 1 bilhão na prevenção de seu consumo.

A OMS lembrou que o tabaco já mata cerca de seis milhões de pessoas por ano e causa perdas multimilionárias aos Estados pelos tratamentos médicos necessários para as doenças provocadas pelo tabaco.
(Fonte: Agência Estado)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Aids na terceira idade

Número de infecções pelo HIV entre idosos mais que dobrou entre 1998 e 2008

Avôs e avós fazem sexo, sim. E, sem proteção, também pegam Aids. De 1998 a 2008, os casos da doença entre pessoas acima de 60 anos no Brasil mais que dobraram, segundo dados de 2010 do Ministério da Saúde.

A via predominante de transmissão é por relação sexual heterossexual, em ambos os sexos.

Embora o número absoluto de casos ainda seja pequeno em comparação com outras faixas etárias, o ritmo de crescimento da doença entre os idosos é preocupante, afirma Eduardo Barbosa, diretor do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

Sem o hábito - e, muitas vezes, sem o conhecimento - de usar preservativos, esse grupo se expõe mais ao risco de contrair o vírus HIV, de acordo com Barbosa.

"É difícil de mudar a mentalidade dessa população. Eles ainda encaram o sexo com camisinha como chupar bala com papel."

Além disso, para as mulheres o preservativo sempre esteve associado a um método contraceptivo. Como não estão mais em idade reprodutiva, não veem por que usá-lo.
Vida sexual ativa

O preconceito a respeito da vida sexual dessa população também dificulta a proteção. "Ninguém de nós vê nossos avós como sexualmente ativos, e isso dificulta o diagnóstico e o acesso à prevenção", diz Barbosa.

Os idosos têm ainda a ideia de que a Aids é uma doença de jovens e que estão à margem do risco, segundo o infectologista do hospital Emílio Ribas Jean Gorinchteyn, autor do livro "Sexo e Aids depois dos 50".

Números da Aids na terceira idade

628 casos de Aids entre pessoas com 60 anos ou mais em 1998
1441 casos da doença nessa faixa etária em 2008

Isso significa um aumento de 129%. Para comparação, os casos entre pessoas entre 35 e 39 anos aumentou 16% no mesmo período
O problema em números
Taxa de incidência de casos de Aids por 100 mil habitantes em 2008

20 a 24 anos - 15
25 a 29 -
31,6
30 a 34 -
42,8
35 a 39 -
46,1
40 a 49 -
39,3
50 a 59 -
24,8
60 e mais - 7,7

(Informações: Boletim Epidemiológico DTS/Aids 2010 do Ministério da Saúde)
(Fonte: Folha de S.Paulo)

Médicos decidem parar de atender dez planos de saúde em SP

Associações que representam os médicos decidiram na noite desta quinta-feira, em assembleia, paralisar o atendimento a dez planos de saúde no Estado de São Paulo. Cerca de 500 profissionais, dos 58 mil que atendem usuários de convênios, participaram da reunião.
Juntos, esses dez convênios reúnem quase 3 milhões de usuários em SP --no total, existem no Estado 18,4 milhões de beneficiários e 327 operadoras de planos de saúde.
Porto Seguro, Gama Saúde, GreenLine, Intermédica, ABET (Telefônica), da Caixa Econômica Federal, Cassi (Banco do Brasil), da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), da Embratel e Notredame são os convênios atingidos.
A paralisação, por tempo indeterminado, afetará apenas uma especialidade médica por vez. Por exemplo: em uma semana, clínicos-gerais deixarão de atender por três dias esses convênios. Na seguinte, é a vez dos oftalmologistas, e assim por diante.
São, ao todo, 53 especialidades médicas, o que pode fazer com que a paralisação dure um ano inteiro por meio desse rodízio. O cronograma de paralisação será definido nos próximos 20 dias.
A estratégia, segundo Florisval Meinão, vice-presidente da APM (Associação Paulista de Medicina), é pressionar esses planos a negociarem um reajuste dos honorários pagos aos médicos.
Segundo a categoria, entre 2003 e 2009 as operadoras deram um aumento de 44%, em média, índice abaixo da inflação no período.
A FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que representa as 15 maiores operadoras do Brasil, diz que entre 2002 e 2010 as afiliadas reajustaram os médicos em 116%.
NEGOCIAÇÃO
No último dia 7 de abril, os médicos já haviam realizado uma paralisação nacional que afetou todos os planos de saúde. No dia, eles atenderam apenas urgências e emergências.
Desde então, as entidades que representam a categoria dizem tentar negociar com 15 operadoras, que foram escolhidas aleatoriamente em uma primeira rodada de negociações.
As dez que sofrerão boicote não responderam às solicitações de negociação ou não informaram o quanto pretendem reajustar.
Os médicos querem passar a receber dos planos R$ 80 por consulta. Hoje, dizem, recebem em média R$ 30.
Eles querem ainda a inserção, no contrato com as operadoras, de uma cláusula que preveja reajuste anual nos honorários com base no índice de aumento das mensalidades dos usuários autorizado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).